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terça-feira, 6 de junho de 2017

O Médio Oriente de Trump


A recente visita de Trump ao Médio Oriente começa a dar frutos.

A forma como acentuou o apoio dos Estados Unidos à ditadura saudita, ao mesmo tempo que ameaçava o Irão, no mesmo dia em que os eleitores iranianos escolhiam para presidente o mais liberal dos candidatos, resultou no actual aumento de tensão, na forma absurda como vários Estados (?) àrabes resolveramcortar relações com o pequeno Qatar.

E quem são esses Estados?: no anárquico “Estado” da Líbia, a facção apoiada pela Arábia Saudita; no “Estado” falhado do Iémen, a facção apoiada pelo mesmo reino (paradoxalmente em aliança com o mesmo Qatar); a ditadura militar do Egipto; os tradicionais aliados da Arábia Saudita dos Emirados Árabes Unidos…
 
Recorrendo à moda “trumpista” dos “factos alternativos”, a imprensa saudita foi preparando o terreno para que a opinião pública aceitasse a diabolização do Qatar, misturando a verdade, o apoio do Qatar à Irmandade Muçulmana, no Egipto, e ao Hamas na Palestina, bem como alguma abertura ao regime iraniano, com a mais absurda mentira, a do apoio do Qatar à Al-Qaeda e ao Daesh!!!.

Como toda a gente sabe, a Al-Qaeda e o  Daesh são apoiados, militarmente e financeiramente, pelos sunitas, não se conhecendo até onde vai o envolvimento do próprio Estado saudita nesse apoio.

Não deixa, aliás, de ser desconcertante o prometido negócio de armamento de milhões, entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, feito por Trump na visita ao Médio Oriente, sabendo-se que grande parte desse armamento vai ser canalizado para grupos jhiadistas apoiados pelos sauditas, entre os quais a Al-Qaeda e o Daesh, que combatem na Líbia, na Síria, no Iraque e no Iémen…

O grande objectivo de Trump para o Médio Oriente  não é o combate ao Daesh ou à Al-Qaeda, mas diabolizar o Irão.

Ao armar a Arábia Saudita da forma como prometeu, aposta tudo neste país para uma guerra, de consequências imprevisíveis contra o Irão, exactamente no momento em que este país, de maioria xiita, começava a abrir-se ao mundo.

O objectivo é, seguindo a velha máxima guevarista, criar “dois, três, muitos Daeshs” para desestabilizar ainda mais toda a zona, reforçando a ditadura egipcia, o Estado totalitário da Arábia Saudita e os falcões extremistas que tomaram conta do estado de Israel.

Os objectivos são muitos: derrotar os xiitas, destruir e desestabilizar o Irão, afastar o torcionário Assad, não por razões humanitárias, mas para reforçar a influência sunita e afastar os Russos do terreno, controlar a historicamente importante região do Médio Oriente do Iraque, e todos os seus recursos, em especial o petróleo, que continua a ser crucial na cruzada anti ambiental de Trump e, pelo meio, afastar igualmente a Europa e as suas “absurdas” ideias democráticas e liberais para a  região.

O que aconteceu ontem é já o primeiro sinal da nova era pós-Daesh que Trump pretende construir no Médio Oriente.

As consequências vão ser trágicas...mas muito lucrativas para alguns!!!.

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